MP-AP promove encontro para debater a responsabilidade da comunicação ao divulgar casos de suicídio

Publicado em 17/04/2019 18:29:23. Atualizado em 20/04/2024 00:54:43.

conversa com a midia CAPAJornalistas, psicólogos, professores, estudantes e profissionais de diferentes áreas atenderam ao convite da Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do Amapá (MP-AP), para debater a responsabilidade da comunicação ao divulgar casos de suicídio. O alerta principal é que o foco deve mudar para prevenção e orientação aos que precisam de apoio.

Durante o encontro, realizado nessa terça-feira (16), no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, inúmeros relatos conversa com a midia IIevidenciaram a urgência que o tema requer. “Apoiar a Rede de Valorização da Vida é uma prioridade e vamos atuar, em diferentes esferas, para que todos assumam suas responsabilidades. Precisamos nos unir para fortalecer a assistência psicossocial no Estado. A falta de orientação é um problema sério, que não pode mais ser negligenciado”, disse a PGJ do MP-AP, Ivana Cei, na abertura do encontro.

conversa com a midia IAo convocar a reunião, a promotora de Justiça Fábia Nilci, titular da 2a Promotoria de Defesa da Saúde, justificou que a maioria das publicações ao reportarem casos de suicídio, no Amapá, não respeitam as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo necessário, portanto, reforçar tais diretrizes. “Esse é o primeiro passo. Vamos intensificar o diálogo com as pessoas que atuam na mídia, mas outras medidas ainda serão adotadas”.

Afinal, o que está sendo feito de errado?

O coordenador do Ambulatório de Atenção à Crise Suicida (AMBACS), doutor em psicologia e professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Washington Brandão, destacou que a divulgação inadequada de casos de suicídio podem provocar o chamado “Efeito Werther”. “Termo utilizado pelo sociólogo David Phillips, em 1974, para definir o efeito imitativo do comportamento suicida”, explicou.

Falar de suicídio nos meios de comunicação - de forma incorreta - pode ser perigoso. Portanto, recomenda-se não entrar em detalhes, não exibir conversa com a midiafotos ou abordar o caso de forma sensacionalista. É necessário tratar o tema com sensibilidade e empatia. “Imaginem a dor dos amigos e familiares ao receberem a notícia com exposição desnecessária ou atribuição de culpas e explicações simplistas”, acrescentou Brandão.

A psicóloga Luana Nunes, integrante da Micro-Rede de Atenção Às Vítimas do Comportamento Suicida e Violência Auto-Infligida e do AMBACS, apresentou os resultados da sua pesquisa “Mídia e Suicídio: prevenção e posvenção na era digital”, reforçando a necessidade de mudança no comportamento dos que utilizam os diferentes meios de comunicação, especialmente as redes sociais, para divulgar esse casos.

conversa com a midia LUANARoda de conversa

Após as exposições dos psicólogos, houve uma ampla rodada de conversa, com depoimentos, relatos pessoais e sugestões. A promotora Fábia Nilci disse que todas as contribuições serão sistematizadas para orientar uma séria de medidas a serem adotadas pelo MP-AP. Inicialmente, três ações foram encaminhadas: a elaboração de uma recomendação para a mídia; a criação de um comitê permanente de comunicação e a criação do Plano Estadual de Enfrentamento ao Suicídio.

Ao final, o promotor de Justiça Felipe Menezes, do Juizado Especial Cível e Criminal, relembrou que o Centro de ValorizaçãoWhatsApp Image 2019 04 16 at 12.53.16 da Vida (CVV) foi fundado no Amapá, na década de 90, e que naquela época, a ação do MP-AP em apoio à organização foi motivada pela exposição na mídia de um jovem suicida. “Combater a ideação suicida é um trabalho multidisciplinar, que precisa de técnica e apoio dos profissionais especializados”, pontuou.

Comunicadores pela vida

Profissionais de comunicação, assessores de imprensa de diversos órgãos públicos e empresas privadas, grupos de comunicação, além do Sindicato dos Jornalistas do Amapá (Sindjor) firmaram o compromisso de criar e manter uma rede colaborativa de comunicadores, para construir campanhas educativas, que possam contribuir efetivamente na orientação da comunidade que mais precisa de apoio.

Serviço:

Ana Girlene Oliveira

Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Amapá

Contato: (96) 3198-1616

E-mail: asscom@mpap.mp.br